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Categorias +A Ciência da Estabilidade Emocional: Conheça a DBT
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é uma condição psicológica caracterizada por padrões instáveis de regulação emocional, relacionamento interpessoal, autoimagem e afetos, além de uma impulsividade significativa.
Pessoas com TPB apresentam uma condição de saúde mental desafiadora e complexa - são milhões delas espalhadas pelo mundo. E saber como tratar essa condição de maneira eficaz é essencial para profissionais que têm interesse em trabalhar com este público.
É aqui que a Terapia Comportamental Dialética (DBT – Dialectical Behavior Therapy) entra em cena.
Mas, espera aí! Para que o papel da DBT no tratamento do transtorno Borderline faça sentido, é preciso conhecer um pouquinho dos dois. Vem com a gente!
Pessoas com TPB frequentemente enfrentam uma intensa angústia emocional e têm dificuldade em regular suas emoções. Como não conseguem lidar bem com o que sentem, alternam rapidamente de momentos felizes para outros mais agressivos (ou de momentos quase depressivos para outros eufóricos). Essas mudanças abruptas costumam ter um impacto significativo na qualidade de vida de quem foi diagnosticado com o transtorno, bem como nas vidas de seus entes queridos.
É como se a pessoa que convive com o transtorno vivesse em uma constante montanha russa emocional.
Para quem trabalha com psicologia, essa oscilação também pode pregar algumas peças: imagine que seu cliente está "meio para baixo", triste, com relatos de que tudo dá errado e sem vontade de sair de casa. Você realiza algumas estratégias terapêuticas, promove o estabelecimento de algumas tarefas e, na semana seguinte, seu cliente chega completamente diferente. Agora, ele está cheio de energia, saindo muito de casa, ligando para vários parentes e amigos e até indo ao shopping para comprar várias roupas novas.
Parece que a intervenção foi um sucesso, não é?! Ainda não sabemos.
Se as oscilações de humor do seu cliente não foram bem mapeadas ou se, até mesmo, o diagnóstico de TPB não foi realizado ainda, você pode estar enfrentando apenas uma mudança de humor. Por mais que pareça uma melhora, o cliente pode se engajar em comportamentos impulsivos muito prejudiciais nesse tipo de estado, gastando muito dinheiro, se envolvendo em comportamentos inadequados com outras pessoas, se engajando em atividades com risco de saúde (e até de vida) etc.
Aqui já dá para perceber a necessidade de você saber identificar quando ocorrem as oscilações de humor e que não se pode sair intervindo de qualquer jeito, né?!
Extremamente desafiador, o TPB tem sido tratado, tradicionalmente, com o uso de medicamentos como estabilizadores de humor e psicoterapia. Pesquisas das últimas décadas, em complemento, demonstram que a psicoterapia e, mais especificamente, DBT, abordagem terapêutica desenvolvida por Marsha Linehan na década de 1980, se destaca como um modelo de tratamento altamente eficaz.
Veja só:
Uma das principais características do TPB é a intensidade e a instabilidade das emoções experimentadas pelos pacientes. A intervenção com base na DBT ensina habilidades de regulação emocional que ajudam os pacientes a lidarem com oscilações extremas de humor de maneira saudável e construtiva. Isso pode reduzir a frequência e a gravidade das oscilações emocionais.
A DBT também enfatiza a importância da aceitação (neste caso, a capacidade de aceitar as oscilações de humor e os desafios do transtorno sem autocrítica ou julgamento). O paciente, aos poucos, passa a validar o que sente e a lidar com sua condição psicológica ao mesmo tempo em que buscam superar as dores decorrentes deste estado. Assim, a DBT possibilita que pacientes reduzam o sofrimento emocional associado ao transtorno.
Para que as pessoas consigam se engajar nesse comportamento de aceitação e de mudança é importante que elas estejam atentas e conscientes daquilo que acontece dentro e fora delas. É nesse ponto que a DBT traz a prática da consciência plena como um componente fundamental do tratamento. Ela ensina os pacientes a estarem plenamente presentes no momento presente, a observar seus pensamentos e emoções sem julgamento e a escolher respostas conscientes em vez de reações impulsivas.
É claro que, mesmo com todas essas estratégias, as oscilações de humor, a instabilidade e a impulsividade ainda tendem a surgir. Então, o objetivo é diminuir a ocorrência e a intensidade dessas condições. Para isso, a DBT oferece uma variedade de estratégias de enfrentamento que ajudam os pacientes a prevenirem recaídas. Essas estratégias incluem o desenvolvimento de um plano de ação para momentos de crise e o estabelecimento de metas de tratamento a longo prazo.
Sensacional, não é?!
Essas estratégias e mecanismos de intervenção fizeram com que a DBT fosse considerada “padrão ouro” (tratamento mais efetivo) para pessoas com TPB.
E, como psicólogo clínico, eu posso te dizer: mesmo que você não atenda especificamente essa população, você vai encontrar alguém com oscilações de humor frequentes em sua prática profissional. Vale a pena estar munido de informações sobre como agir nesses casos!
Além do uso da DBT, outras modalidades de terapia também podem ser empregadas, como a FAP e a ACT. Para saber mais sobre como a DBT e outros modelos de terapia comportamental podem ser utilizados no tratamento do TPB, conheça o nosso curso "Transtorno de personalidade Borderline: DBT ACT e FAP".
http://www.icontinuum.com.br/curso/30-transtorno-de-personalidade-borderline-dbt-act-e-fap
Doutor Andre Connor De Meo Luiz - Coordenador Acadêmico do Instituto Continuum