Hoje, eu quero falar sobre assertividade! Talvez essa seja a forma mais assertiva de iniciar esse texto.

Assertividade é uma característica que todos admiramos, que todos queremos, mas que, geralmente, é difícil para caramba de desenvolver e de apresentar. Se jogarmos esse termo no Google, veremos que ele é definido como uma habilidade de fazer afirmação dos próprios direitos e expressar pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, clara, honesta e apropriada ao contexto, de modo a não violar o direito das outras pessoas.

Bom, aqui já deu para ver a complexidade absurda disso, não é?! Contudo, eu gostaria de chamar a sua atenção para algo MUITO importante nessa definição: "habilidade de fazer". Isso quer dizer que assertividade não é uma característica específica de alguém, mas sim uma forma específica de agir. Isso faz toda a diferença. A partir dessa noção, não podemos mais dizer que uma pessoa É ou NÃO É assertiva e passamos a vê-la como capaz de agir ou não de maneira assertiva.

Pode ter muita gente que considera essa diferença de olhar sobre a assertividade inútil. Mas, me desculpem, essa me parece ser a forma mais assertiva de definir assertividade. Não falo isso por preciosismo; ao definir assertividade como um conjunto de ações/comportamentos e não como a característica de alguém, nos colocamos em posição para pensar no que é preciso ser feito para que esse conjunto de ações possa ser ensinado. Conjuntamente, ficamos numa melhor posição para cobrar que alguém aja de forma mais assertiva, pois todo mundo pode agir de forma diferente do agia antes. Veja, se fosse uma característica de alguém, não poderíamos cobrar a pessoa "não assertiva", pois não faria parte de "quem ela é". 

Sacou?!

Ao mesmo tempo, podemos parar de nos preocupar em achar alguém que "é assertivo" evitar pessoas que "não são assertivas", pois poderíamos nos preocupar com quais são as condições necessárias para PRODUZIR/ENSINAR e MANTER comportamentos considerados assertivos. Aqui está a cereja do bolo dessa mudança de perspectiva. O olhar sob a noção de que assertividade é um conjunto de ações, faz com que a gente possa planejar seu ensino. Assim, podemos criar condições de aprendizagem desde a infancia, promovendo o desenvolvimento de adolescentes e adultos mais assertivos. 

(E, sim, logo teremos um texto sobre isso!)

Por fim, se você se considera uma pessoa assertiva, isso é muito bom. O que você fazer é: entender em quais condições você é mais ou menos assertivo e quais são as suas formas de agir que são consideradas por você e pelos outros como assertividade. Dessa forma, você ficará numa melhor posição para recriar essas condições e aumentar a frequência com que você age de forma assertiva. Agora, se você não é uma pessoa assertiva, cuidado para não tornar isso uma muleta para ser grosseiro ou pouco descritivo com os outros. É muito fácil dizer o que quer e tentar diminuir isso com a fala "Ah, me desculpe. Eu não sou assertivo/a". Você pode SIM agir de maneira assertiva e SIM você tem responsabilidade nisso. Procure examinar seus comportamentos, ser mais sensível a fala dos outros e, eventualmente, procure ajuda psicológica.

Espero, do fundo do coração, que eu tenha me feito claro. Caso contrário, foi um problema de assertividade (mas que, com o tempo e com a exposição, sei que melhora).

André Connor de Méo Luiz

Doutor em Análise do Comportamento.