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Categorias +Respiração Compassada: Guia para Estruturar com o Cliente
O primeiro passo é identificar qual será o objetivo ao usar a técnica.
É para regulação emocional (reduzir uma emoção intensa)?
Para proporcionar relaxamento ao final do dia? Como aliado na exposição planejada no caso de aproximação com uma situação temida?
Encontrar um objetivo permite ao terapeuta expor para o cliente de maneira transparente qual foi o raciocínio usado para escolher a técnica, além de tornar o cliente um sujeito ativo e participativo em relação às estratégias passadas pelo profissional, o que fortalece a aliança terapêutica.
Feito isso, o próximo passo é explicar o este objetivo e, em seguida, transmitir os passos de forma didática:
“Esta técnica pode ser usada para aliviar sentimentos intensos e você pode usar em situações nas quais vai sentir que vai perder o controle das suas emoções.
Primeiro, gostaria de pedir que colocasse uma das mãos sobre o seu peito e outra sobre a sua barriga. Eu irei fazer a técnica com você para que possa entender melhor como funciona na prática.
Ela é muito simples, você deve inspirar o ar durante três segundos; segurar por três segundos e expirar durante cinco segundos. (Terapeuta e cliente fazem os passos com calma, de forma repetida, com o terapeuta dando modelo. Na segunda tentativa, o terapeuta usa esvanecimento e diminui as dicas. Na terceira, ele pede para o cliente fazer por conta própria sem dar instruções e verifica com ele, o que ele entendeu.)
Esta é uma técnica discreta que você pode usar mesmo em meio a ambientes com outras pessoas, elas não irão perceber sua respiração. Você deve repetir os passos até perceber mudanças no seu estado emocional.”
Feito o ensaio com o cliente, você deve alertá-lo sobre o fato de que no começo pareça incômodo ou que a ansiedade pareça maior, mas que após poucos minutos o corpo tende a relaxar e o desconforto cede lugar a outras sensações.
É importante prever alguns obstáculos que possam aparecer e pensar em formas simples de superar as situações. Por exemplo: no caso de se esquecer o tempo de cada passo da respiração, orientar a soltar o ar mais devagar do que a inspiração, lembrando o cliente que tudo é feito em um ritmo um pouco mais lento do que a respiração normal, que tende a movimentar mais o peito e pouco o diafragma.
Depois da sessão com as instruções, o terapeuta deve buscar com o cliente saber se houve melhora. Se sim, expor em detalhes para ele as consequências de ter utilizado a técnica contra o uso de outra estratégia inadequada para lidar com os eventos privados. Caso não, repetir a fase do ensaio e / ou pensar em estratégias para superar os obstáculos que possam aparecer, por exemplo, um cliente com dificuldades de lembrar os passos pode utilizar um cartão de papel feito com o terapeuta durante a sessão ou uma imagem que possa acessar com facilidade do seu smartphone.
É importante adaptar a linguagem conforme a linguagem utilizada pelo cliente. Usar exemplos facilita muito.
Em minha prática, instruções que utilizam frases mais curtas, diretas e simples são recuperadas com mais facilidade pelo cliente. Para se certificar que a instrução foi compreendida, é possível pedir para o cliente repetir os passos dados. É possível diminuir sem muito prejuízo o tempo que o cliente passa expirando ou segurando o ar, pois existem materiais que utilizam durações diferentes.
O que se mostra essencial, para além da linguagem simples e a explicação do porquê a respiração compassada modifica a intensidade do que o cliente sente em “tempo real” é o próprio ensaio em sessão no qual o terapeuta pede o feedback do cliente e vai ajustando no aqui-agora a maneira com a qual ele respira em sessão.
Escrito por: Psi. Luvas Avelar - Psicólogo Clínico da Incubadora do Continuum.